sábado, 10 de fevereiro de 2018

Ozimândias

Contou-me um viajante de uma terra
Antiga: “Há, no deserto, duas enormes
Pernas de pedra. E a seu lado, na areia
Quase oculto, um quebrado cenho dorme
Cujo lábio franzido p’la soberba
Diz quão bem o escultor a paixão leu
Que em tais destroços ao peito nutriz
E ao remedo da mão sobreviveu.
Um texto ainda se vê no pedestal:
‘O meu nome é Ozimândias, rei dos reis:
Vós, Homens de Poder, desesperai
Ante as minhas obras!’ Porém, a ruína
Desmedida nada mais que um areal
Vasto e vazio tem por companhia.”


Percy Bysshe Shelley