sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Soneto 120

É minha aliada a tua ofensa antiga,
Pois, não sendo os meus nervos de metal,
Por causa dessa dor então sentida
Curvo-me ante o que agora eu fiz de mal.
Se tu foste por mim tão ofendido 
Como eu por ti, do inferno foi teu dano,
E tudo o que em teu crime foi sofrido
Eu ignorei com ócio de tirano. 
Se essa treva tivesse o imo lembrado
Quão sofre um coração todo desfeito,
E, como tu a mim, logo afagado
Com o preciso bálsamo o teu peito!...
    Agora, a falta é troca que atenua;
    A tua a mim resgata, a minha a tua.


William Shakespeare 

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