quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Soneto 121

Antes ser vil que vil considerado 
Quando não ser de ser se recrimina, 
E o justo gozo acaba, que é julgado 
Pelo que outro, e não eu, assim opina. 
Porque hav'ria o impuro de saudar
Meu sangue folião como um igual?
Ou meus fracos alguém mais fraco olhar,
Tomando, em seu ardor, meu bem por mal?
Não, eu sou o que sou, e quem me nota
Abusos é os seus que então calcula.
Não dou minha conduta como torta
P'ra atestar o impudor que outro postula
     Quando reduz assim a realidade:
     Todos os homens reinam na maldade.


William Shakespeare

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