Ó tu, doce rapaz, que tens na mão
A foice, o incerto vidro que horas dão;
Que, ao contrário daqueles que te amam,
Minguando, tens encantos que mais chamam –
Se a Natura (que tudo, tudo arrasa)
Conforme avanças sempre te retrasa,
Isto faz com o fito de tentar
O lamentável Tempo arruinar.
Mas tem cuidado: se és seu preferido,
Não serás capital sempre retido!
De prestar contas ela não se esquiva,
E assim, por quitação, de ti se priva.
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William Shakespeare
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