sábado, 11 de março de 2017

Algaravieida

Grelhia o dia: os tão pegagilosos
Xugos desenrolhavam a girelva,
E davam-se ao caprojo os papagosos,
E os ratudos abriam goelva.

“Cuidado com o Algaraviomo, filho!
O perigo da garra e da bocarra!
Cuidado co’ o Alginol ou o sarilho
Do furigante Bandagarra!”

El’ tomou a vorpal espada em mãos;
Incansável, buscou o inimigento –
À sombra de um Tanteiro então parou
P’ra organizar o pensamento.

E enquanto em pensamento el’ se iritava,
O Algaraviomo, de olhos incendidos,
Surgiu lufando pela inchante mata,
Um borbulhar de mil sentidos!

Mete e tira e repete, tira e mete!
Essa espada vorpal foi zastrasante!
Deu ao moço a cabeça do seu monstro:
Oh! El’ voltou tão galunfante!

“Matastes vós então o Algaraviomo?
Vinde a meus braços, raio de um rapaz!
Que dia frabuliz! Calurra! Liva!”
Resfolerriu agora em paz.

Grelhia o dia: os tão pegagilosos
Xugos desenrolhavam a girelva,
E davam-se ao caprojo os papagosos,
E os ratudos abriam goelva.


Lewis Carroll