domingo, 15 de março de 2020

Soneto 59

Se tudo o que é já foi, nada há de novo,
Como anda a nossa mente em ilusão,
Parindo sem cessar o mesmo ovo
Por mais que tente um' outra conceção!
Oh!, pudesse eu recuar no rasto humano,
Andando como o sol quinhentas vezes,
Para te ver descrito em livro anciano,
Quando eram novidade os carateres!
Pudesse eu conhecer o que o passado
Diria de teu talhe excecional;
Se temos melhorado ou piorado,
Ou se a revolução leva ao igual.
    Oh!, 'stou certo: a motivos bem menores
    Os velhos poetas deram seus louvores.


William Shakespeare