sábado, 23 de novembro de 2019

Soneto 18

Comparo-te a um dia de verão?
És melhor, tens humor mais temperado:
Fere o vento o que em maio foi botão,
E aluga-se a 'stação por curto prazo;
Ora aquece demais o olho celeste,
Ora tem compleição já sem fulgor;
E de ser belo o belo enfim decresce,
Seja acaso ou devir o causador;
Mas teu próprio verão guarda-te eterno,
Senhor de uma beleza que não mirra;
Nem serás reclamado pelo averno,
Tu pertences ao tempo da poesia:
    Enquanto o Homem vir e respirar,
    Há de isto persistir p'ra te gerar.


William Shakespeare 

Nota Seis (Dedicatória)

A tradução destes catorze sonetos de William Shakespeare é misteriosamente dedicada ao "Sr. E. R."