sábado, 7 de dezembro de 2019

Soneto 53

Qual é tua substância, de que és feito,
Se por ti zelam mil estranhas sombras?
A uma sombra cada um está sujeito,
Mas tu, sendo um, em todas te prolongas.
Adónis se descreva, o arremedo
Pobremente te exibe copiado;
Em Helena se empregue todo o engenho,
E és tu que ornado à grega estás pintado.
Diga-se a primavera e a safra imensa:
Uma de teu encanto a sombra exala,
Outra é de teu favor uma presença;
E cada santa coisa te assinala.
    De toda a graça externa és um garante,
    Mas nada é como tu na alma constante.


William Shakespeare 

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