domingo, 7 de agosto de 2016

Na Taberna-Verde, cinco horas da tarde

Vinha há já oito dias a romper as botas
Nas pedras do caminho. Charleroi, por fim.
– Na Taberna-Verde: eu mandei vir umas tostas
Com manteiga e também fiambre um pouco aquecido.

Rei-criança, estiquei as pernas sob a mesa
Verde: então pus-me a olhar os motivos naïfs
De uma tapeçaria. - E foi uma beleza,
Quando a moça mamuda e de olhos atrevidos,

– Não há de esta ter medo de dar um linguado! –
Risonha, trouxe as tostas que eu tinha pensado
E fiambre morno em prato como el' colorido,

Róseo fiambre de aroma dado por um dente
De alho - e me enche a caneca enorme, com cerveja
Dourada por um raio de sol já antigo.

Arthur Rimbaud

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