sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O comboio

Gosto de o ver papar as léguas,
E devorar os vales,
Parando p’ra comer só nas cisternas;
E andar, depois, tão colossal,

Em torno de uma pilha de montanhas,
E sondar, com toda a sua soberba,
As choças que ladeiam as estradas;
E depois desbastar uma pedreira

Para o seu corpo caber nela,
Ainda que rasteje versejando
A mais ruidosa e horrenda queixa;
E a si mesmo seguir p’lo monte abaixo

E relinchar como Boanerges;
E enfim, pontual como uma estrela,
Parar – dócil e todo-poderoso –
À porta da cocheira.


Emily Dickinson

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